Na minha rotina atual tenho feito, à contra gosto, diversas coisas sozinha. Um desperdício: aprendemos muito uns com os outros!
Na última semana fui almoçar em um novo restaurante e adorei o lugar. Sentia vontade de dizer as pessoas a minha volta “Que delícia! Prova! Mas tem que ser de olhos fechados...” Será que aquelas pessoas percebem a grata experiência de saborear um prato, garfo a garfo? Lembrei de uma das minhas colegas, ao me observar almoçando, dizendo admirada: “É muito engraçado: você come com prazer... Parece que sua comida é sempre mais gostosa que a minha!” Mas existe sentido mais prazeroso e completo que o paladar? Nem tudo que tocamos, ouvimos, enxergamos ou cheiramos passa a fazer parte de nós. O paladar é guloso: toda substância é absorvida, transformada ou descartada, mas nunca ignorada! Os outros quatro sentidos são dependentes, já o paladar tem vida própria. Deve vir daí a necessidade dos apaixonados de se saborearem! O entrelaçar de dedos nunca será tão doce quanto um beijo nos olhos, nem tão temperado quanto uma mordida na orelha...

Palavras amáveis são como manga madura: tão doce que lambuza! Creio que Willian Shakespeare também sabia disso: “Seja como for o que penses, creio que é melhor dizê-lo com boas palavras.” Já aquelas secas de sentimento e verdade, imaturas e duras, são como manga verde: melhor seria tê-las deixado no pé porque uma vez arrancada, não se devolve. E ainda há quem goste! Pode?!
Não posso impedir que os outros me ofereçam deste fruto, mas decidi só absorvê-lo com uma generosa colherada de leite condensado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário