Quando fui apresentada a um Monet, aos 9 anos na aula de Educação Artística, me lembro como se fosse hoje: não conseguia piscar. A atividade exigia que o reproduzíssemos. Travei. Mas como professora?! Não existem estas cores no estojo! Não há amarelo mais vivo e azul mais delicado! Era lindo demais para meus rabiscos... Mas foi exatamente ele que deu vida ao meu fascínio pelas artes. Segundo Rubem Alves “é fascínio que acorda a inteligência”. Realmente: o que seria de Ludwig van Beethoven, Candido Portinari, Santos Dumont, Fernando Pessoa e muitos outros sem o incontrolável fascínio?! Assim como lindamente exclamou Adélia Prado: “Não quero faca nem queijo. Quero é a fome!”.
Você deve estar se perguntando: "então porque parou?" Também me fiz esta pergunta: Sindrome de Centopéia.
“Conta-se que um dia, um gafanhoto encontrou-se com uma centopéia (...).
- Dona Centopéia, eu tenho pela senhora a maior admiração. Deus Todo-Poderoso me deu apenas seis pernas. Para a senhora ele deu cem. Assombra-me a elegância tranqüila do seu andar. Todas se movem na ordem certa. Jamais vi uma centopéia tropeçar. Mas, por isso mesmo, tenho uma curiosidade: quando a senhora vai começar a andar, qual a perna que a senhora mexe primeiro?
- Obrigado pelos elogios, senhor Gafanhoto – respondeu a Centopéia – Sua pergunta é muito interessante porque eu mesma, até hoje, nunca pensei no assunto. Sempre andei sem pensar. Perdoe minha ignorância. Jamais fui à escola do andar certo. Não fui conscientizada. Andei sempre um andar ignorante. Mas agora vou prestar atenção...
Conta-se que desde esse dia a Centopéia ficou paralítica.” (ALVES, Rubem. 2011)
Hoje, curada da paralisia, percebo que a técnica é ferramenta e não condição para o ‘criar’. E por fim, a frase guardada no meu porta-treco de Guimarães Rosa fez todo o sentido: “O que um dia vou saber, não sabendo, já sabia...”.
Não sei desenhar como Monet, mas certamente esta paixão me dá tudo o que eu preciso...
“Ainda que eu falasse a língua dos homens e a dos anjos, se não tivesse amor, seria como sino ruidoso ou como címbalo estridente. Ainda que tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência; ainda que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tivesse amor, eu nada seria.” I Cor 13, 1-2
Muito bom!
ResponderExcluirNão devemos buscar ser os melhores em tudo que gostamos de fazer, mas devemos fazer tudo que gostamos.
Obrigada Fe! Pelas palavras e pelas lições!!
ExcluirNossa, Ca, achei lindo, perfeito, inspirador, desafiador... muito bom mesmo. parabéns!
ResponderExcluirObrigada Alice!! Suas cores tb fazem parte da desenhista que sou!
Excluiroi Cá, você escreve lindamente! Eu tb gosto de desenhar e pintar, precisamos trocar figurinhas! Beijos Pati
ResponderExcluirMuito obrigada, Pati!! Vamos trocar sim! Bju!
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