Mais recentemente, em um dos meus “banquetes” fui surpreendida por um alívio estomacal. Falávamos sobre felicidade, sua ausência e sua presença. Prato feito, supostamente, sem novidades ao paladar. Porém as frases “Deus quer que você tire a pedra! (...) Ele nos deu a parte que nos cabe” quiseram mais que me saciar.
Nas minhas últimas orações, nas quais evito pedir qualquer coisa, me peguei pedindo a Deus que me amasse como amou a Lázaro, retirando a pedra que me oculta: “Jesus pôs-se a chorar. (...) Vede como ele o amava!” João 11, 35-36. Mas se Ele o fizesse, como lidar com o medo de sair de lá de dentro? Lá reina o conhecido, o controlável. Todo o ser humano tende a evitar a frustração! Pensando nisso, me remeti ao Mito da Caverna de Platão (A República, livro VII), escrito entre os anos 385-380 a.C. Prisioneiros que foram acorrentados em uma caverna , só conseguiam ver as sombras que eram refletidas na parede por uma fogueira mantida constantemente acesa. Quando um deles é libertado descobre, com os olhos doloridos pela força claridade, a beleza e grandeza daquilo que estava “fora”. Para Platão, o conhecimento é o que liberta o homem: quanto maior a amplitude do pensamento, ainda que se exija um pouco de “dor", maior a sensação de liberdade. “Mas quem anda de noite tropeça, porque lhe falta a luz.” João 9, 10. A escuridão que acomoda, limita! “Vós sois a luz do mundo.(...) Não se acende uma luz para colocá-la debaixo do alqueire” São Mateus 5,14-15.
Ali, no meio da digestão, me senti profundamente amada: o poder de libertar meus sonhos me foi dado gratuitamente! Óbvio para a razão que nem sempre rege o coração. Percebo que o Verbo feito carne, feito homem, que nos alimenta de Sua Palavra, a todo o momento nos convida a experimentar o sabor incomparável da liberdade. "Conhereis a verdade e a verdade vos libertará" João 8, 32. E, como escreve sabiamente Pe Fábio, “mais vale uma verdade amarga que tenha o poder de nos fazer crescer, do que a mentira adocicada que nos mantenha acorrentados no cativeiro da ignorância” (Quem me roubou de mim?, 2008).
Ainda que em minha boca os sabores insistam em se confundir, por fim, tive o apetite renovado.
Lindissimo...
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