terça-feira, 3 de julho de 2012

Mais humor, por favor!

Há algumas semanas atrás ouvi uma história fantástica de um professor tão fantástico quanto. Aliás, este me ensinou conceitos de Logística. Conceito que para mim pode ser resumido em uma busca mecânica e incansável de neutralizar temporariamente o caos. Até porque elimina-lo não é nada inteligênte: inibir o caos representa estagnação. Crescer requer riscos!
Mas não era sobre Logística que iria falar-lhes, nem sobre meu mestre que inspirou este texto, mas sim, sua partilha generosa sobre lembranças de sua fase no colégio militar.
Inicialmente destacou-nos o convencional: precisão e disciplina aplicadas desde a formação em ciências exatas até o corte de cabelo. Lá, onde o erro é fatal, assim como na Logística, passou grande parte de sua juventude. Mas, no emaranhado de boas recordações, nos contou um dos episódios em que saíra do alojamento pulando o muro com outros amigos. As 22h00 as luzes se apagavam. Lá fora só muros e sentinelas devidamente armados. Fronteiras que muitas vezes não eram suficientes para contê-los. Naquela noite planejaram uma farra na cidade mais próxima. Como de costume, aguardaram o apagar das luzes, enrolaram travesseiros nas cobertas para simularem que estavam em um tranquilo sono, passaram pelo pátio assoviando para alertar ao sentinelas que estavam saindo. "- Mas e se eles não ouvissem os assovios?"   Rindo me respondeu: "- Nos mandariam bala!"
Passaram a noite fora e voltaram antes de amanhecer. Assoviaram novamente e, depois de um tempo ouviram a resposta do outro lado do muro garantindo a segurança deles: outro assovio. O primeiro do grupo começou a subir e ouviu do outro lado: "- Ei! Tá limpo! Me dá sua mão que eu te puxo!"   Fez isso e voltou com êxito. Um a um atendeu ao chamado da voz que vinha do outro lado. Por fim, chegou a vez do meu professor que, sem saber, também daria a mão a um 'algoz'. Assim que chegou do outro lado ouviu uma voz grave e rouca lhe questionando “- Nome?”   Branco, mais do que já é, olhou para a direção da voz e viu um homem alto, com bigode volumoso e ligeiramente enrolado nas pontas: "- Capitão!"   O oficial tinha um sorriso irônico, até então nunca visto, e após anotar o nome de cada um que fora resgatado no muro dizia: "- Tá preso!"
Todos eles passaram o resto da noite na prisão do quartel e riram até de manhã com o ocorrido. Aliás, riem há 50 anos... Algo que ‘fugiu’ do processo planejado, o que culturalmente subentende-se como erro, resultou em um fragmento de felicidade Kairós (o que não se mede no tempo). E isso só acontece com quem percebe a graça da vida: crescer, amar, viver requer riscos! Se tudo tivesse ‘dado certo’, eles não teriam experimentado a liberdade que o humor dá: deixar a culpa e o rancor do lado de lá do muro!

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